A artrose no joelho ou gonartrose é o desgaste da articulação como um todo, mas principalmente do tecido chamado cartilagem que “recobre” os ossos do fêmur, da tíbia e da patela.
A cartilagem tem a função de permitir o deslizamento suave entre os ossos da articulação e é especializada em sustentar o peso do corpo, evitando o atrito e o desgaste entre os ossos. Ela é composta basicamente por células chamadas condrócitos, água, proteoglicanos (um tipo de proteína) e colágeno tipo 2. E sua nutrição é essencialmente feita pelo líquido sinovial da própria articulação que lubrifica a junta como um todo. Como a cartilagem não recebe vascularização (nutrição) pelo sangue como a maioria dos tecidos do corpo, sua cicatrização e sua regeneração são difíceis.
A artrose no joelho é uma doença ainda sem uma causa exatamente conhecida. O que se sabe é que ela é multifatorial. Ou seja, a artrose ocorre devido a vários fatores como o envelhecimento natural, a obesidade ou o sobrepeso, o excesso de impacto no joelho, as alterações do eixo do joelho, a fraqueza muscular e a herança familiar que podem gradualmente causar o desgaste da cartilagem.
Além disso, lesões traumáticas também podem causar a artrose no joelho como as lesões dos ligamentos, as lesões dos meniscos e as fraturas (quebraduras) na articulação do joelho.
Sintomas da artrose do joelho
O sintoma mais comum da artrose no joelho é a dor no joelho, que tem a característica de se iniciar de leve intensidade e piorar lentamente com o passar do tempo. Além da dor, pode ocorrer inchaço, dificuldade para caminhar, limitação dos movimentos do joelho, deformidades (“joelhos entortando”) e crepitação articular (“sensação de areia no joelho”).
O diagnóstico da artrose no joelho é feito pelo ortopedista especialista em joelho ao realizar um bom exame físico do joelho e ao analisar exames complementares como RX (radiografia) ou por meio do exame de Ressonância Nuclear Magnética, quando a artrose está apenas no início.
Infelizmente, quando o desgaste da cartilagem (artrose) inicia, não é possível sua regeneração. Ou seja, ainda não há cura para artrose!
Entretanto, isso não significa que não haja tratamentos!
O paciente com artrose deve ser muito bem orientado pelo ortopedista especialista em joelho sobre as diversas formas de tratamento, tanto com medicamentos e fisioterapia quanto com cirurgia. A definição do melhor tipo de tratamento é feita de modo individual, pois deve levar em consideração a gravidade da artrose, a idade do paciente, o tipo de trabalho e de esporte que pratica, e as causas que levaram ao desgaste.
Inicialmente, o tratamento não cirúrgico (conservador) é indicado na maioria das vezes. Pacientes com artrose inicial no joelho deve emagrecer, diminuir ou evitar atividades de impacto e realizar exercícios de fortalecimento muscular. O uso de analgésicos e de anti-inflamatórios pode auxiliar no alívio da dor por um breve período. A fisioterapia específica deve ser iniciada para auxiliar no alívio da dor e nos exercícios de alongamento e fortalecimento muscular.
Como outras armas no alívio dos sintomas da artrose, há diversos medicamentos chamados “condroprotetores” que auxiliam na proteção da cartilagem e geralmente são de uso oral (comprimidos). Porém, o uso destes medicamentos não substitui as recomendações anteriores.
Além destes medicamentos orais, há medicamentos que podem ser injetados dentro do joelho, a chamada “infiltração”. Dentre eles, a viscosuplementação articular utiliza os derivados do ácido hialurônico que é o componente principal do líquido sinovial e auxilia na lubrificação da articulação, diminuindo o atrito articular e diminuem a dor da artrose no joelho. Alguns estudos mostram que esta forma de tratamento pode até desalecerar a velocidade da artrose.
A infiltração com corticóide (cortisona) também pode ser realizada no joelho com artrose com o objetivo de diminuir a inflamação e a dor causada pela doença.
A indicação da melhor forma de tratamento é feita pelo ortopedista especialista em joelho que deve orientar o paciente e explicar os diversos tipos de tratamento com seus respectivos benefícios e resultados a curto e longo prazo.
Assim, cada paciente terá um tratamento individualizado.
Contudo, quando a artrose no joelho está avançada ou o tratamento conservador não tem o resultado esperado, a cirurgia de joelho será indicada.
Há diversos tipos de cirurgia para o tratamento da artrose. A mais realizada é a cirurgia de prótese do joelho onde são realizados recortes nos ossos desgastados e é realizado um recapeamento do joelho com o uso de materiais altamente resistentes que compõe a prótese (“peças de metal e plástico que recapam a junta”). Esta técnica é geralmente indicada nos casos de artrose mais avançada, apresentando excelentes resultados no alívio da dor e na melhora da qualidade de vida do paciente que volta a caminhar sem dor e sem auxílio de muletas ou bengala.
Quando a artrose é causada por um desvio do eixo do joelho (“pernas tortas”) que desgasta apenas um dos lados do
Radiografia de joelho com artrose.
joelho, outra técnica que pode ser usada é a osteotomia do joelho. Nesta cirurgia, são realizados cortes ósseos para realinhamento do eixo do joelho, aliviando a pressão no lado desgastado. Em alguns pacientes específicos, nesta mesma situação pode ser realizada um outro tipo de cirurgia chamada de prótese unicompartimental do joelho.
Em resumo, o tratamento da artrose deve ser individualizado e o ortopedista especialista em joelho deve informar as alternativas e a melhor indicação de tratamento para cada paciente, seja com fisioterapia, medicamentos ou cirurgia de prótese do joelho.
Prótese unicompartimental do joelho.
Prótese total.
Bloqueio dos Nervos Geniculares
A articulação do joelho possui uma inervação complexa e os ramos articulares dos nervos maiores (femoral, tibial, safeno, obturatório e fibular) são conhecidos como nervos geniculares. Estes nervos estão localizados próximos ao periósteo (membrana que recobre o osso) e inervam a cápsula articular do joelho. Os nervos geniculares principais são: nervo genicular superior lateral, nervo genicular superior medial e nervo genicular inferior medial (figura 1).
O bloqueio dos nervos geniculares é uma nova opção de tratamento clínico para o joelho com objetivo de aliviar a dor no joelho e pode ser utilizado em diversas situações com o objetivo principal de impedir a transmissão do sinal doloroso ao cérebro.
As principais indicações para o bloqueio dos nervos geniculares são os casos de artrose do joelho em que o paciente não melhora da dor com o tratamento conservador convencional como fisioterapia, anti-inflamatórios e infiltração de corticóide ou ácido hialurônico. Além disso, pode ser indicado em pacientes que foram submetidos à cirurgia de prótese total do joelho e continuam com dor e, também, em pacientes que não tenham condições clínicas para serem submetidos à cirurgia de prótese do joelho (exemplos: problemas cardíacos, neurológicos e de saúde mental).
O bloqueio dos nervos geniculares é realizado pelo médico que insere agulhas específicas nos pontos anatômicos com auxílio de ultrassom ou de intensificador de imagens (aparelho de RX usado no centro cirúrgico) (figuras 2, 3 e 4). Antes do bloqueio definitivo, pode ser feito um teste com anestésico para se confirmar o efeito que o paciente terá após o bloqueio.
Há diversos tipos de bloqueio genicular, sendo que os mais utilizados são a ablação com radiofrequência térmica ou pulsátil. Mais recentemente, a radiofrequência resfriada tem sido mais recomendada pois possui um melhor controle da temperatura da ablação nervosa, diminuindo o risco de complicações.
Os resultados do bloqueio genicular são variáveis e dependem do tipo e do grau da artrose no joelho, da cirurgia prévia e do perfil do paciente tratado. Estima-se que os efeitos de alívio da dor proporcionados pelo bloqueio genicular possam durar de 6 a 12 meses.